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Takotsubo: Síndrome do Coração Partido


Takotsubo ou Síndrome do Coração Partido ocorre em situações de dor física ou emocional intensos.


A pessoa, que ficou de “coração partido” sente uma dor forte no peito (precordial) e dificuldade em respirar (dispneia). Quando observada clinicamente, apresenta alterações eletrocardiográficas e aumento de biomarcadores de necrose miocárdica.


É como se estivesse a ter um ataque cardíaco, mas não é!

Não apresenta obstruções significativas das artérias coronárias e o quadro de insuficiência cardíaca reverte.


Parece que o Takotsubo é a explicação clínica para a metáfora colectiva e universal do coração partido pelo desgosto. Apesar de ser uma metáfora antiquíssima, só em 1990 é que, com o avanço da tecnologia imagiológica, investigadores Japoneses a conseguiram demonstrar e, em 2006, foi formalmente reconhecida pela Associação Americana do Coração.


Todos nós, em algum momento, já sentimos a dor do nosso coração partido.
Muito poucos sofremos da miocardiopatia de Takotsubo.

Estudos recentes demonstram que pessoas que estão infelizes no amor, seja porque estão numa “má” relação ou porque terminaram uma, têm uma taxa de doenças cardíacas mais elevada.


A ciência tem vindo a perceber a íntima relação entre a saúde do coração e o amor.
O amor protege-nos.

Embora sendo uma condição extrema, demonstra como o coração é afectado pela libertação de hormonas de stress, em situações de dor emocional. Mesmo quando não experienciamos Takotsubo, sentimos o impacto das mudanças hormonais e neuroquímicas no nosso corpo.

«O amor não é uma emoção», defende a Helen Fisher, «é um esquema de sobrevivência, mediado pelo nosso sistema neuroquímico de recompensa».


Há dois estádios neurológicos básicos, quando alguém termina uma relação amorosa connosco: protesto e resignação.

Na fase de protesto, temos um "boost" de extra dopamina e neuroadrenalina a inundar o cérebro, o que nos leva a procurar o que perdemos e a sentirmo-nos bastante assustados, ameaçados. Por isso, ficamos tão hipervigilantes, com dificuldade em dormir e agitados. É frequente tentarmos recuperar a pessoas “amada” (mesmo que já não a amemos!).

[Nesta fase, passamos cerca de 85% do tempo que estamos acordados a pensar em quem nos “deixou”!!!].


Na fase de resignação, desistimos de protestar e negociar. A dopamina diminui, tal como a serotonina, a hormona do «bem-estar». É quando chega a tristeza, a apatia… ficamos mais confusos, lentificados… letárgicos.


A angústia e confusão, quando nos sentimos rejeitados, tende a ser amplificada pela falta “sentido” (de lógica) do que nos está a acontecer. Quer tenha havido uma explicação ou não, dificilmente a sentimos como razoável ou clara.

Construirmos uma narrativa possibilitadora da nossa experiência e montarmos um cenário para o que nos aconteceu, é fundamental para seguirmos em frente e sair deste estado.

Ás vezes, quando percebemos isto, voltamos à fase de protesto e procuramos as respostas no outro, exigimos explicações, arrugamo-nos no direito de ter a informação que nos libertará.

Raramente esta estratégia funciona.

Primeiro, porque o outro pode não estar disponível para receber esta nova investida. Segundo, porque mesmo que esteja, a maioria das vezes não vai conseguir dar resposta a todas as nossas perguntas (porque, na realidade, também não as tem).

Os processos de separação são altamente emocionais, as tomadas de decisão são muito mais emocionais e subconscientes, do que racionais e conscientes. Nós é que racionalmente as explicamos e justificamos, mas isso, nem sempre, as torna mais lógicas.

[É curioso como há tanta investigação e literatura sobre quem é “rejeitado”, mas não há sobre quem "rejeita". Quando a houver, saberemos mais sobre este fenómeno.]


Então como podemos construir a nossa narrativa possibilitadora e reabilitar o nosso coração?

Inventa!

Pega nos dados que tens, no que sabes, no que sentes, no que ouviste, no que pensaste, no que viveste… lembra-te das tuas necessidades, das tuas decisões e das tuas reacções. Elabora a tua narrativa de forma honesta e autêntica contigo própri@, alinhada e enraizada, de um sítio de paz e amor por ti própri@.


[A narrativa da vítima e do vilão/da vilã, não é possibilitadora. Pode ser reconfortante no imediato mas irá estagnar-te no curto, médio e longo prazo. Não serve.]


Compromete-te a ultrapassar o ressentimento e assume a tua responsabilidade pessoal, com integridade e autenticidade.


Mesmo quando a separação não foi uma escolha tua, podes escolher como vais lidar com ela, quem vais ser neste processo que estás a viver, que história vais contar a ti própri@ e como vais curar o teu coração.

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