as dúvidas eram muitas
as emoções emaranhadas não ajudavam à clareza
tentava ajudá-lo a deslindar os pensamentos, sentimentos e necessidades
a cada pergunta que lhe entregava, devolvia as mesmas dúvidas
sabia o que queria fazer mas do outro lado da balança pesavam todas as considerações que não conseguia harmonizar com o seu querer
a sessão estava a chegar ao fim
a falta de clareza não
sentia-o exasperado
entre inspirações profundas, procurava manter-me como fonte de conexão, para que pudesse experienciar esse estado, sem lhe fugir ou agonizar
olhava-me
achei que queria que lhe disse-se mais alguma coisa
intui que o momento pedia pausa e ligação à respiração
olhava-o, enquanto inspirava e expirava profundamente
ouvi-o irromper pelo silêncio dentro:
«temos que dar oportunidade a que corra mal»
sorri e devolvi:
«temos que dar oportunidade a que corra mal»
a decisão estava tomada, em paz
sem garantias, mas com a certeza de que se iria permitir a dar oportunidade a que corresse mal
quantas vezes, perante um querer claro e sonante, é que o medo de que “corra mal” foi a única fonte de dúvidas e de incertezas? Muitas. Demasiadas.
Como teria sido se desses oportunidade a que corresse mal?
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