Por muito extraordinários que sejamos, vamos sempre marcar os nossos filhos. Marcas de amor e de desamor, de apoio e desamparo, de conexão e desconexão, de compreensão e de confusão, de presença e de vazio.
É na nossa experiência humana partilhada, que os nossos filhos irão crescer e, idealmente, nós também.
Os nossos filhos ficarão marcados não só pelo que lhes damos, como pelo que não lhes entregamos; pelo que os fizemos viver e pelo que não proporcionámos.
As experiências de dor emocional, na relação parental, são inevitáveis e incontornáveis.
As experiências de dor emocional, na relação parental, são inevitáveis e incontornáveis E SÃO DESEJÁVEIS, saudáveis.
É nessas experiências que os bebés e as crianças, os adolescentes e jovens, vão desenvolvendo a sua resiliência.
É nesse contexto, nutritivo, amoroso, compassivo, responsável e autêntico que terão as primeiras experiências de dor emocional e também é nesse contexto nutritivo, amoroso, compassivo, responsável e autêntico que irão ser abraçados, cuidados, amparados nessa dor… irão sarar essas feridas.
É nesse magoar e cuidar, ferir e sarar, empurrar e amparar, que os nossos filhos vivem a experiência partilhada de magoar e ser magoado e a sua transformação em cuidar e ser cuidado. É nesta vivência acompanhada e transformada que os filhos desenvolvem a sua resiliência.
Se, pelo contrário, esse contexto é opressivo e agressivo, em que a dor de uns não ecoa no cuidar dos outros; em que magoar não rima com cuidar, os filhos desenvolvem medo e falta de confiança; tornam-se hipervigilantes e vestem uma couraça protetora (que pode ter muitas formas).
Ou se, no extremo oposto, esse contexto é superprotector, em que dor rima com pavor, em que o choro de uns faz ruir os outros, em que pais se multiplicam na vã tentativa de prevenir o desconforto da tristeza, da zanga… os filhos desenvolvem labilidade emocional, hipersensibilidade e baixa resistência à frustração, uma imagem imaculada e, por isso, distorcida das relações humanas e da sua capacidade de conviver com as vicissitudes da coexistência.
Os nossos filhos ficarão marcados não só pelo que lhes damos, como pelo que não lhes entregamos; pelo que os fizemos viver e pelo que não fizemos.
No caminho de sermos pais dos nossos filhos, que a nossa Pegada Parental seja de amor e resiliência.
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